25 anos de história e sucesso no Bodybuilding
Considerada um verdadeiro ícone do Fisiculturismo feminino, a paranaense de 43 anos não é só uma colecionadora de títulos, mas um verdadeiro exemplo de profissional comprometida e dedicada ao esporte. Oriunda de uma família humilde e tendo que lidar com a perda do pai, Larissa começou a trabalhar bem cedo, aos 13 anos, ministrando aulas particulares de reforço escolar. Passou a adolescência dividindo a rotina de estudos com aulas de música, apresentações com uma banda marcial e algumas idas com a mãe para a academia de ginástica, onde teve seu primeiro contato com a Musculação. A paixão pelos livros e vontade de se tornar musculosa fizeram com que a jovem entrasse na faculdade de Educação Física, aos 17 anos.
Em uma época onde a informação sobre Bodybuilding ainda era muito limitada e muitas vezes vinda do exterior, Larissa não se intimidou e foi atrás de pesquisas, livros, palestras, cursos, professores, treinadores e atletas para adquirir experiência e trocar informações sobre a modalidade. A curitibana não só se tornou educadora física como ingressou e concluiu uma segunda graduação em Nutrição e ainda fez várias especializações – Treinamento Desportivo, Fisiologia do Exercício, Fitoterapia, Saúde e Estética.
Larissa usa todo seu conhecimento para prestar uma consultoria exclusiva e personalizada para atletas de várias modalidades de âmbito nacional e internacional. Também é sócia de uma academia em Curitiba.
Combat Sport - Larissa, você está completando 25 anos dedicados ao Fisiculturismo e é uma das pioneiras no Brasil. Conte melhor quais foram as dificuldades do início de carreira.
Larissa Cunha – Aos 13 anos, acompanhava minha mãe nas aulas de ginástica localizada. Um dia vi na academia uma revista chamada Flex Magazine, que falava sobre o universo Bodybuilding. Me deparei com homens e mulheres musculosos, com um físico lindo e decidi: Quero ser musculosa! cresci com a ideia e a vontade se tornou cada dia mais forte. Aos 17 anos, comecei treinar e passei no vestibular para a faculdade de Educação Física.
Logo no início do curso conheci um professor que se propôs a me ajudar a realizar meu sonho. Mesmo com dificuldades, minha mãe contratou uma nutricionista e uma Personal Trainer. A vontade de crescer era tanta, que mesmo com essa primeira “equipe multidisciplinar”, saí atrás de experiências, conversei com alguns atletas, pesquisei muito na biblioteca, troquei informações e quando vi já estava montando meu próprio treino. Participei do meu primeiro campeonato com 21 anos e já fui campeã paranaense e quarta colocada no Campeonato Brasileiro. Nesta mesma época, conheci o Professor Waldemar Guimarães, recém chegado da Inglaterra com muitas novidades e um livro chamado Anabolismo Total, que me ajudou muito. Continuei atrás de palestras, cursos, mais livros, me capacitando e evoluindo, assim como os meus resultados, convertidos em várias medalhas e títulos.
CS - Como você vê o futuro da modalidade, especialmente entre as mulheres?
Hoje, com as categorias novas dentro Fisiculturismo feminino, a chance de competição aumenta, o que atrai mais as mulheres. São várias categorias, como: Bikini, Wellness, Body Fitness, Sport Model, Diva Fitness… Quando comecei, só existia a categoria Masculina e Feminina no Bodybuilding. Então, o atleta tinha que ser grande e definido, não existia outra possibilidade. Mas foi por esta modalidade que me apaixonei perdidamente. Treino forte todos os dias para manter meu corpo com volume e massa muscular.
Acredito que atualmente o corpo sarado está na moda. A mídia e as redes sociais tem ajudado muito na divulgação dessa ideia. Mulheres de várias faixas etárias querem ficar musculosas ou “saradas” e com isso, aumenta as expectativas no Fisiculturismo. Vim da época onde os campeonatos eram realizados sem estrutura. Hoje, a beleza nos palcos, as luzes e músicas, emocionam e atraem mais adeptos.
CS - Com diversos títulos conquistados, tem algum que você tem um apego mais profundo?. Aquele que você tem orgulho de lembrar ou conta sempre a história de como chegou lá?
Cada conquista tem seu valor, desde a menor, que na época foi grandiosa, até as mais recentes. Fui pentacampeã paranaense, campeã paulista, tricampeã Brasileira, campeã sul-americana, bicampeã mundial e campeã do Miss Universo, o meu maior título. Para conquistar todos eles, não foi fácil. Mas, acredito que chegar ao Miss Universo foi incrível!! Eu estava em um ritmo excelente de treino e dieta, mas vindo de um Mundial não muito bem sucedido (quinta colocação). Eu estava querendo desistir por alguns problemas, mas um amigo, o Paulo Veloso, hoje Presidente WFF Brasil, não deixou e eu fui para a Inglaterra com a cara e a coragem.
Chegando lá, vi atletas que fizeram e fazem parte da história do Fisiculturismo Mundial. Me senti emocionada e um pouco insegura. Competi com atletas favoritas e experientes; foi simplesmente demais! Éramos 23 atletas, sendo que somente 6 iriam para as finais. Na final, foram chamando os nomes em ordem decrescente. Veio a sexta, quinta, quarta e eu pensei: “Caramba! Estou entre as 3 melhores atletas do Mundo!!!”. As pernas tremiam. Chamaram a terceira colocada e eu já não sabia mais o que pensar: “vice-campeã? Meu Deus!!”. Mas foi melhor do que poderia esperar: primeira colocada!!. Neste momento a emoção tomou conta e chorei agradecendo a Deus. Corri para pegar uma bandeira do Brasil que jogaram no palco. Não sei de onde veio a bandeira, mas estava lá. É uma história que ainda me toca muito.
CS - Você teve que superar diversas barreiras para crescer no esporte. Acha que ainda existe muito pre-conceito ou críticas, especialmente pelo fato de ainda ser uma modalidade muito associada ao homem ou mesmo ao uso de anabolizantes?. A Graciane Bar-bosa, por exemplo, é bastante famosa, mas também recebe muitas críticas pelo seu “tamanho”. Se sim, como você lida com esse preconceito?
Antigamente, tive que quebrar barreiras e me superar, mas hoje tudo é mais fácil para todos. Muitos querem ser musculosos e ter um corpo que chama a atenção. A única coisa ainda que incomoda é a falta de respeito em redes sociais. Apesar de ser uma minoria que tenta te atingir desrespeitosamente. Acredito que se cada um cuidasse da sua vida, tudo seria mais fácil. Se a pessoa não gosta, não precisa xingar; basta não comentar. Mas não me importo com o que os outros pensam, escrevem ou falam sobre mim porque sou uma vencedora e amo o fisiculturismo.
CS - Você relata em outras entrevistas que o estudo ajudou você a crescer no esporte. Conte um pouco mais sobre sua formação e como você superou as limitações?
Fiz Educação Física, me formei aos 21 anos. Não existia internet, as pesquisas eram em livros, bibliotecas e com o conhecimento empírico de outros atletas. Fui para São Paulo fazer uma pós-graduação em Fisiologia do Exercício. Foi quando conheci o Sr. Arnaldo na Combat Sport. Quando entrei na loja, não sabia pra onde olhar. Eram vários potes de suplementos: grandes, pequenos, coloridos… E olha que naquela época era muito difícil
o contato com a suplementação nutricional. Até aquele dia eu só tinha tido contato com Albumina comprada a granel, fígado dessecado e o Natubolic da Integralmedica. O Sr. Arnaldo, sempre muito atencioso, me explicava sobre os suplementos, mas eu infelizmente não tinha dinheiro para comprar. Porém, só de estar ali na loja já achava o máximo.
O tempo foi passando e eu continuei estudando e pesquisando, agora já com internet. Senti a necessidade de fazer mais uma faculdade e optei por Nutrição devido ao grande número de consultorias de treinamentos que prestava. Continuei me especializando na área esportiva e hoje também sou bacharel em Teologia, especialista em Treinamento Desportivo, Fisiologia do Exercício, Fitoterapia, e Saúde e Estética, além de mestranda em Nutrição e Biotecnologia dos alimentos e acadêmica do curso de Biomedicina. Por isso sempre digo: saia da zona de conforto e busque seus objetivos!!!
CS - Ainda sobre os estudos, você vê alguma evolução ou piora no trato com o Fisiculturismo no meio acadêmico?. Como a internet ajuda ou atrapalha?
As informações são mais relevantes, temos muita ciência envolvida, mas ainda pouquíssimos profissionais capacitados em transmitir todo esse conteúdo e utilizar na preparação de atletas. No meio acadêmico, o máximo que fazem é passar trabalhos de pesquisas e os alunos os apresentarem no dia da aula.
…Um dia vi na academia uma revista chamada Flex Magazine, que falava sobre o universo Bodybuilding. Me deparei com homens e mulheres musculosos, com um físico lindo e decidi: Quero ser musculosa!…
O Fisiculturismo envolve matérias importantes como Anato-mia, Fisiologia, Química, Bioquímica, etc. É muito complexo. Vejo atletas nos mais diversos períodos da faculdade sem base médica nutricional, treinando tudo errado, seguindo dicas da internet. Claro que o mundo virtual tem seu ponto positivo para quem sabe pesquisar. Pesquisas cientificas podem ser feitas, mas os blogs são os mais vistos e tem muita coisa sem fundamento científico; então as pesso-as precisam filtrar melhor o que lêem. A preparação de um atleta tem que ser multidisciplinar, com nutricionista, médico, educador físico e psicólogos. Enfim, todos têm que caminhar juntos.
CS - Com sua vasta experiência no mercado você criou um método próprio de treinamento: MTT-Mixed Techniques Training. Quais os pilares desse tipo de treino?. Como ele se diferencia dos padrões já exis-tentes no mercado?
Criei esse método a partir de experiências próprias em treinamento, pesquisas fisiológicas, cinesiologia e troca de informações com vários atletas de dentro e fora do país. A aplicação é complexa. Busco o estímulo neuromuscular de uma forma onde o cérebro e os músculos recebam informações diferentes a cada treino. Existe uma ordem evolutiva dentro dos estímulos aplicados, tentando abranger fibras brancas, intermediárias e vermelhas, ou seja, o maior número de unidades contráteis em cada treino, forçando uma recuperação muscular acentuada.
CS - Que atributos você acredita que fizeram você se destacar das demais concorrentes no decorrer da sua carreira?. O que faz o sucesso de uma atleta multicampeã como você?
Nunca fui uma atleta gigante, tenho ossos finos e uma grande dificuldade em aumentar a massa muscular. Disciplina e perseverança são palavras que me acom-panham diariamente. Durante os anos de treinamento fui conquistando essa maturidade muscular. Alimentação
regrada por anos e anos, focando sempre a definição muscular. Quando entro no palco estou bem trincada e acabo me classificando melhor quando comparada com atletas mais volumosas.
Hoje meu trabalho foi reconhecido pela NABBA/WFF e este ano, o Campeonato Paranaense, seletiva para o Brasileiro, decidiu me homenagear colocando meu nome no Troféu. Isso é motivo de muito orgulho e só tenho a agradecer ao Paulo Veloso e ao Rodrigo Koprowski.
CS - Com 43 anos de idade, como você se mantem motivada no esporte? O que você acredita que precisa melhorar ou trabalhar mais na sua carreira daqui pra frente?
O esporte faz parte da minha vida, gosto de treinar e de fazer dieta. Falando mais do lado profissional, quero abrir uma clínica no final do ano que vem e trabalhar com Biomedicina Estética, continuar atuando com Nutrição e consultoria em treinamento esportivo. Na parte esportiva, pretendo continuar fazendo meu melhor para representar bem o Brasil. Porém, levando Musculação mais como hobby. Quero competir mais, mas não será prioridade.
CS - Com 43 anos de idade, como você se mantem motivada no esporte? O que você acredita que precisa melhorar ou trabalhar mais na sua carreira daqui pra frente?
O esporte faz parte da minha vida, gosto de treinar e de fazer dieta. Falando mais do lado profissional, quero abrir uma clínica no final do ano que vem e trabalhar com Biomedicina Estética, continuar atuando com Nutrição e consultoria em treinamento esportivo. Na parte esportiva, pretendo continuar fazendo meu melhor para representar bem o Brasil. Porém, levando Musculação mais como hobby. Quero competir mais, mas não será prioridade.
CS - Qual a principal lição que você carrega do Fisiculturismo no seu dia a dia?. O que está por trás das barras e alteres que mais te fascina no esporte e te faz seguir firme nele?
Aprendi a não desistir. Ser atleta não é fácil, temos que buscar a evolução e a perfeição diariamente. Isso se aplica também profissionalmente. Evoluir, pesquisar, aplicar conhecimento, crescer e não desistir no primeiro tropeço. O esporte e a vida são assim, nos fazem acreditar que podemos vencer!
..atualmente o corpo sarado está na moda. A mídia e as redes sociais tem ajudado muito na divulgação dessa ideia. Mulheres de várias faixas etárias querem ficar mus-culosas ou “saradas”, com isso, aumenta as expectativas no Fisiculturismo…
Larissa tem o patrocínio da
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